O VALOR É O HOMEM


TESES SOBRE A SOCIALIZAÇÃO PELO VALOR E A RELAÇÃO ENTRE OS SEXOS


Roswitha Scholz


RESUMO

Este artigo discute o problema da correlação entre capitalismo e patriarcado, que, segundo a autora, ainda permanece sem solução, após vinte anos de pesquisa feminista. A autora rejeita a tentativa que fazem alguns grupos feministas de - ao tentar introduzir a problemática dos sexos como relação social constitutiva na crítica marxista ao patriarcado - conferir ao trabalho doméstico o mesmo estatuto do trabalho assalariado, o que levaria a uma reificação ainda maior das relações sociais no plano teórico. E propõe a tese de que a contradição básica da socialização através da forma-valor é determinada com especificação sexual. Tratar-se-ia, portanto, de compreender o trabalho abstrato e o valor como princípio masculino, caso contrário se recairia numa hierarquia conceitual, em que a distribuição dos papéis sexuais é remetida a uma correlação secundária.

Palavras-chave: patriarcado; capitalismo; feminismo; marxismo; valor; socialização; relação entre os sexos.





Veja o artigo na íntegra aqui

Beijaaas

E As Anarco-Feministas O Que São?

Esses dias estive conversando com uma amiga sobre o femismo e a anarquia, ou sobre o feminismo e o autonomismo. Comecei a perceber que esse debate foi tão esquecido por nós. Veja bem, quando vamos atuar junto as/aos marxistas em questões outras, sabemos muito bem até onde vai o limite da parceria, mas quando falamos sobre as feministas, colocamos todas no mesmo patamar e esquecemos onde está a diferença está.
Ou até mesmo começamos a assumir alguns referenciais marxistas no nosso vocabulário e na nossa forma de conceber e praticar a política.
Pensei então em ir recuperando e postando por cá textos que me fazem lembrar o porque sempre tive mais afinidade política com as anarcafeministas que com as marxistas e estadistas.
Opa, esse é debate meu e não das outras meninas apimentadas ;).


Segue o texto da Valéria Bolevari :


" Conhecemos a aparência de uma bota
vista de baixo,
conhecemos a filosofia das botas...

Logo invadiremos como ervas daninha
em todo lugar, mas devagar...
as plantas cativas farão revolta
conosco, os muros cairão.

Não existirão mais as botas
No entanto, comemos terra
e dormimos; estamos esperando
embaixo dos seus pés;

Quando dissermos: ataque!
você não ouvirá nada
no começo..."

(Peggy Kornegger)



Quando se ouve a palavra anarco-feminismo, logo vem a impressão de mulheres que excluem os homens de suas vidas, que querem separar as pessoas pelo sexo, etc. Mas o que nem sempre se para prá pensar, é porque se tem essa impressão.

Continuam, até mesmo os anarquistas, a se espelharem nas imagens distorcidas que são veiculadas pelos meios de comunicação da sociedade burguesa. Se assim fosse, acreditaríamos também que anarquia é bagunça, que Deus existe, que os anjos existem e tem asas...

É necessário, para se compreender realmente alguma coisa, que nos desvinculemos das respostas prontas já fornecidas pela imprensa burguesa, que a mente se abra para receber novas idéias e questioná-las.

Anarco-feminismo não é separatismo! Se você é homossexual e resolve se juntar a outros homossexuais para lutar por sua emancipação, você está sendo separatista? Você acredita que cada classe oprimida conquista sua liberdade através de seu próprio esforço e luta? Sim? Então, pára de reclamar! As mulheres estão se dando conta do quanto são oprimidas e exploradas dentro da sociedade patriarcal, de que nunca puderam ouvir sua própria voz e discutir sua opressão. O que acontece, hoje, no movimento libertário, é que nós, mulheres que estamos tomando consciência de nossa condição de proletária do proletário ou escrava do homem escravo, temos condições de levantar a cabeça e discutir com outras mulheres (que também são vítimas da mesma opressão) o que queremos fazer para lutar contra isso. E isso não são apenas os homens machistas, mas sim uma sociedade cristalizada no patriarcado, onde os valores estão montados em cima da exploração, da escravidão e do preconceito.

Precisamos de espaço para mostrar nossa cultura e desenvolver nossas potencialidades, que foram sufocadas no patriarcado. Tudo isso, só conseguiremos com muito trabalho conjunto e abertura, para que possamos mostrar o que queremos fazer e como fazer. Temos que desenvolver o nosso lado feminino real, e não o feminino imposto pela sociedade machista. Os nossos valores foram sufocados e, em lugar desses, vieram valores integrados, como a estética, a beleza, o comportamento, a maternidade obrigatória, etc., que não são naturais como parecem. Tais coisas, somente nós mesmas podemos avaliar, questionar e mudar, mais ninguém. Não se pode chegar para um negro e dizer-lhe o que fazer para lutar contra sua discriminação, se você nunca sofreu isso. Você pode ajudá-lo e apoiá-lo, mas se você nunca sofreu discriminação racial, nunca poderá saber o que ele sente, quanto mais decidir o que ele deve fazer. O mesmo ocorre com as mulheres.

Mudando nosso comportamento e nossa visão de mundo, estaremos muito mais abertas para relacionamentos realmente recíprocos, e não paternalistas. Teremos muito mais autonomia para batalhar em outros coletivos e tomar conta de nossas próprias vidas. Isso é fato!

Os grupos de mulheres têm essa função que, dentro do movimento anarquista, se torna imprescindível para quem almeja uma sociedade livre, humana e igualitária.

Aqueles que torcem o nariz ou fazem de tudo para atrapalhar a luta de um grupo específico, não compreendem que a base do anarquismo está no indivíduo, e que somente a partir do indivíduo é que se inicia uma revolução. Se cada classe oprimida se unisse e trabalhasse a sua questão, em vez de tentar ficar fazendo tudo ao mesmo tempo, nossa evolução/revolução seria muito mais concreta, com bases sólidas, pois cada grupo estaria desenvolvendo um trabalho contínuo, o que renderia frutos. Pense sobre isso.

Nós precisamos de espaço e vamos lutar por ele. Que alguns torçam o nariz, que outros falem mal por não entenderem, que façam abaixo assinados e panfletagens, o que quiserem, mas estamos aqui e pronto! Acreditamos no anarquismo, mas só acreditamos nele funcionando no dia-a-dia. Se nós mulheres criamos grupos específicos, é porque estes nasceram dá necessidade, e não por brincadeira.

Nossa luta não se restringe apenas ao feminismo, mas sim a tudo que engloba o anarquismo e, por isso, nossas atividades sempre são em conjunto com outros grupos anarquistas e anarco punks, os quais apoiamos e nos apoiam, sendo a luta e a caminhada lado a lado. Se a possibilidade das mulheres tomarem conta de sua própria luta o assusta, então apavore-se, pois nossa arte, nossa escrita, nossa poesia e nossa forma de lutar vão estar correndo livres velas ruas!

Loucas de Pedras Lilás lançam vídeos sobre o Feminismo

Meninas,
Como estão? Espero que estejam maravilhosamente bem!
Por cá, estou indo e finalmente volto a postar no blog.
Trago uma das notícias mais alegres do ano... As loucas de Pedras Lilás lançaram uma série de vídeos com o slogan "Loucas pelo Direito de Decidir".
É só clicar no nome e assistir!

Apresentação
Parte 1: Aflições
Parte 2: Onde você mora?
Parte 3: A Clandestinidade
Parte 4: O Poder Médico
Parte 5: O Maltrato
Parte 6: O Estado Laico
Parte 7: A Luta Legal
Parte 8: Quem Decide?


Conheça mais as Loucas, clique aqui

Um grande beijo!