Liberdade Superficial

"Desde que mundo é mundo se luta pela liberdade, mas ela é sempre destinada à classe que detém poder e riqueza. A liberdade definida pelos de cima só pode ser superficial".

Falarei do que pensei e senti depois de uma conversa com uma garota bem jovem que, assim como eu, se coloca como um livro aberto.

Vou abrir nosso livreto em uma página:

Eu fumava cerca de 15 cigarros por dia, quando bebia minhas 6 garrafas de cerveja, poderia fumar 30 em uma noite. Quando alguém falava qualquer coisa sobre isso, gargalhava e prontamente respondia: mas eu não sou livre para fazer o que quiser? Posso escolher do que morrer. Continuo gargalhando quando me desafiam,  não brinco mais com a ideia de ser livre e a Souza Cruz perdeu uma cliente desejável.



Liberdade, Vida, Internet:

Depois do celular, o empregado continua disponível para o empregador mesmo depois de sair do trabalho. Meu patrão já me pediu para ir trabalhar na folga assim. Disponível sempre. Celular na mão virou um tic: encontro pessoas amigas que não largam o celular (conectado às redes coloridas) para nada. Você está preso. Sempre tem uma foto que é postada durante um encontro, como se a intenção fosse mostrar que está vivendo e não viver o encontro. 


Liberdade sexual?


Estava conversando com uma companheira que tinha um relacionamento amoroso aparentemente feliz. O casal gostava de publicar fotos abraçados, cheios de declarações. Não demorou muito e acabou tudo. Postaram novas fotos, sensualizando seus corpos e se recolocaram disponíveis no mercado de relacionamentos. Ela me disse que para superar um amor, nada como outro em seguida. Não sei ainda o que acho sobre isso. Mas o que será que estamos aprendendo com a ideia da fila anda? Queremos ter relações na vida como num atendimento ao caixa? Bom, todo mundo é livre para exercer sua sexualidade como bem entender...

Liberdade completaMente Solta:


Às vezes a gente se comporta na vida real ou na rede social, de acordo com o que esperam que sejamos. O ideal da mulher com um adjetivo do lado. Atualmente, na minha rede de pessoas próximas, o ideal da mulher vem ao lado de livre. Mas já fiz parte de outros grupos: que valorizam a moça estudiosa, a moça que trabalha muito, a moça sempre alegre... Sou todas elas e nenhuma me resume. E pensando na conversa com esta amiga que terminou o relacionamento:

Sejam quem quiserem ser. Quer postar foto sensual? que seja porque se ama, não porque quer que te desejem, ou para o ex-boy ver. Não precisam ser sempre sexy. Não precisam provar nada para ninguém. Não precisam ser sempre críticas. Não precisam ser sempre nada. Sejam tudo que a vida ensinou a vocês e muito mais. As pessoas que te amam estão ao seu lado, não curtindo a foto de tudo que você faz.

Não precisamos de nenhuma rede para nos sentirmos queridas. Precisamos nos encontrar.

Gosto da ideia de liberdade como "seguir sem medo de errar e encarar a responsabilidade quando dá merda, saber se defender e enfrentar o que for preciso para buscar sua mais plena independência". Se esconder atrás de imagens do mundo espetacular é inverso disso, é estar presa. Acredito que a verdadeira liberdade vem acompanhada de muita força e é mais difícil ter força sozinha. Essa força a gente pode construir juntas, compartilhando nossas experiências e buscando formas de superar desde sentimentos que não nos fazem bem, como carência e ciúmes, até pensar novas formas de organização do trabalho para a gente chegar numa verdadeira emancipação.


Bom, se alguém acredita que as relações devem ser encaradas numa grande fila, esta é uma liberdade e liberdade é para ser exercida. Mas eu proponho uma reflexão: hoje estamos muito ocupadas cumprindo tarefas, trabalhando, estudando e preocupadas em como será amanhã e o amanhã. Poderíamos fazer tantas coisas juntas, inventar histórias, lugares e comportamentos, sair da rede e cair no mundo, em nossas vidas e dentro de nós mesmas. 

Emma Goldman: "A emancipação, compreendida pela maioria dos seus aderentes e expoentes, é estreita demais para permitir o amor sem fronteiras e o êxtase contido na profunda emoção da verdadeira mulher, namorada, mãe, em liberdade."

Rede social e a falta de liberdade:

Esta rede social azul não é propícia para grupos se articularem fora dela, ela é a própria interação. Estamos tão fartas de trabalho e demanda em nosso dia-a-dia que esta rede azul é o escape, é o elo entre as pessoas, é de onde se tira os assuntos  e como se remedia a falta de tempo na vida real. 
Mas não estamos nos distraindo de nosso cotidiano de regime de trabalho intenso? o meme não é o escape para rir da nossa desgraça?  Veja bem, todo mundo é livre para dividir seu tempo da forma que achar conveniente...

Que vida temos no entorno do trabalho?  Entrei na rede social azul e tenho muitas perguntas sobre o comportamento da maioria das pessoas e como isso pode ter me influenciado a escrever hoje.



Fotos em festas, comidas, banhos, e tudo mais de um cotidiano particular compartilhado, são relacionamentos cheios de corações, beijos, abraços e pós-sexo. Opiniões que só os seguidores vão ler. As relações são "medidas" pelo número de curtidas: quem estará acompanhando minha vida?



Todo mundo é livre para se expressar como quiser, mas quando uma pessoa compartilha tudo que faz e pensa numa rede virtual seria um sinal de que sua vida real está sem tempo, sem afeto, sem satisfação?  
Esta é a sensação que me dá. Mas o meu ponto de interesse aqui é: o que está nos motivando fazer isso? 

Liberdade e felicidade:


No mundo em que se valoriza um estilo de vida das elites, felicidade parece que é se assemelhar a este estilo de vida, padrão de comportamento, estética corporal. A nossa felicidade é sempre amanhã, nossa satisfação é construída para ser amanhã. Para a criança, quando ganhar tal brinquedo; para o trabalhador, quando "subir na vida"; para a jovem, quando fizer aquela viagem; para a mãe, quando comprar uma tv; para uns, quando se  formar; para outros, quando fumar um...E para as mulheres em geral ainda tem: "quando tiver o corpo daquela atriz" ou "quando casar". 
Só as elites podem estar satisfeitas...nós permanecemos num estado de não-satisfação insuperável no capitalismo, porque vivemos num sistema onde poucos tem a possibilidade de concretizar o que desejam , atingir um determinado status social ou atender a padrões de comportamento ou estético...e a cada dia surge, ou é fixado em nós, um novo desejo, um novo modelo, um novo produto, uma nova ferramenta... algo novo acontecendo. 
Estamos cada vez mais ansiosos e não-satisfeitos. Muitas pessoas dão vazão a suas frustrações montando uma vida feliz virtual, fumando, bebendo, usando remédios para dormir, enfim, tentando escapar da sua realidade e, assim, o sistema capitalista nos tem "no ponto": o consumidor perfeito.
E o que acontece com o que podemos ser e fazer hoje em busca de nossa liberdade de reinventar a felicidade?

Emma Goldman: "Quanto à grande massa de mulheres e meninas trabalhadoras, quanta independência pode ser conquistada se a estreiteza e a falta de liberdade do lar é trocada pela estreiteza da fábrica, da oficina, da loja ou do escritório?"

Trabalho, falta de liberdade e infância:


As horas intensas de trabalho estão nos forçando a nos afastar fisicamente das pessoas amigas e ainda nos retira da interação com nossas crianças, e as próprias estão cada vez mais cedo se relacionando só virtualmente. Estamos ensinando as crianças a não interagirem? Minha irmãs e primas vivem no computador, elas são de realidades (classes) sociais diferentes. Elas não brincam entre si. Cada uma joga em seu celular. Estamos ensinando as crianças a terem relações superficiais e virtuais?
A nossa falta de liberdade influencia no comportamento das próximas gerações. As crianças passam mais tempo sob o controle fabril das escolas e dos publicitários das TVs e PCs que enjaulam a liberdade e a felicidade sob o conhecimento mecânico e o consumo compulsório.

Sem liberdade:


Exploração do trabalho só cresce, e a cada dia que passa as leis estão mais duras com relação à liberdade de se manifestar. A criminalização dos movimentos sociais. Os sindicatos não nos dão espaço para construir a luta por dentro. Muitas feministas estão mais interessadas em colocar representantes mulheres nas instâncias de poder que verdadeiramente colocar pressão para que todo mundo que quiser, em conjunto, possa propor e decidir os rumos de uma organização. Vocês sabem, depois que vemos e sentimos como as coisas vão, tomamos nossa cerveja, postamos as fotos e no máximo compartilhamos um protesto que aconteceu aqui ou ali.

Será que estamos entrando a cada dia mais no jogo dos mega-empresários, consumindo o mundo inteiro, nos distraindo de nossa organização para superar opressões e trabalho explorado, nos perdendo neste mundo vazio de padrões de comportamentos?


O que podemos fazer? O que podemos fazer juntas? Ainda é possível pensar numa organização autônoma e criativa atuante na vida real?

Não quero a liberdade que é permitida, quero tomar aquilo que é negado. Isso para mim é liberdade.






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* Acredito que se você está afim de compartilhar suas ondas na internet, compartilhe mesmo, a regra é a mesma para o como viver, quem gostar bem, e quem não gostar, e daí? Mas toda (auto)reflexão vale.


Não sou uma mulher?

Por Sojourner Truth Bem, crianças, onde existe muita confusão deve haver alguma coisa fora de controle. Eu acho que entre os negros do Sul e as mulheres do Norte, todos falando em direitos, em breve o homem branco estará encrencado. Mas sobre o que todos aqui estão falando? O homem lá adiante diz que as mulheres precisam ser ajudadas a entrar nas carruagens e a sair do buraco e a ter por toda parte os melhores lugares. Ninguém nunca me ajudou a entrar em carruagens, a sair da lama nem me deu qualquer lugar melhor! E não sou uma mulher? Olhem para mim? Olhem para o meu braço! Eu lavrei a terra, plantei e juntei tudo no celeiro e nenhum homem poderia me liderar! E não sou uma mulher? Eu poderia trabalhar e comer tanto quanto um homem--quando eu conseguia--e suportar o chicote tão bem quanto! E não sou uma mulher? Dei à luz treze crianças e vi a maior parte delas vendidas para a escravidão e quando chorei com a tristeza de mãe só Jesus me ouviu! E não sou uma mulher? Então eles falam desta coisa na cabeça; o que é isto que eles chamam? (Inteligência, alguns chamam de sussurros). É assim, querido. O que é que fizeram dos direitos das mulheres ou dos negros? Se em minha taça não couber uma medida e na sua couber um quarto não seria mesquinho você não me deixar ter minha meia medida toda? Então aquele pequeno homem de preto lá diz que as mulheres não podem ter tantos direitos quanto os homens porque Cristo não era mulher! De onde vem seu Cristo? De onde vem seu Cristo? De Deus e uma mulher! O Homem não tem nada a fazer com Ele. Se a primeira mulher que Deus fez era forte o suficiente para virar o mundo de ponta cabeça sozinha, estas mulheres juntas devem ser capazes de novamente virá-lo de cabeça para cima ! E agora elas estão querendo fazer isso e é melhor os homens as deixarem fazer. Obrigado por me ouvirem e agora a velha Sojourner não tem mais nada a dizer.
Tem tempo que não aparecemos aqui. Acho que essa ideia da Sojouner nos uniu. E a foto lembra muito de nós que mescla a arte, a tradicionalidade, a intelectualidade e, principalmente, a ação direta. Saudades Bete, Line, Miri e Rama. Saudades de mim com vocês também!
Cenas Ativistas Não São Espaços Seguros Para Mulheres: Sobre o Abuso de Mulheres Ativistas por Homens Ativistas

Tamara K. Nopper





Como uma mulher que tem experimentado abuso físico e emocional de homens, alguns dos quais eu tive longos relacionamentos, foi sempre difícil aprender de outras mulheres ativistas que elas estavam sendo abusadas por homens ativistas.
As questões interrelacionadas do sexismo, misoginia e homofobia em círculos ativistas são excessivas, e não é surpreendente que mulheres são abusadas física e emocionalmente por homens ativistas com os quais elas trabalham em vários projetos.
Eu não estou falando abstratamente aqui. Na verdade, eu sei de vários relacionamentos entre homens ativistas e mulheres nos quais as últimas são abusadas se não fisicamente, emocionalmente. Por exemplo, há muito tempo uma amiga minha me mostrou ferimentos em seu braço que ela me disse que foram causados por outro homem ativista. Essa mulher certamente luta emocionalmente, o que é um tanto esperado dado que ela experimentou abuso físico. O que era adicionalmente desolador de ver era como a mulher era evitada por círculos ativistas quando ela tentava falar sobre seu abuso ou o ter abordado. Alguns disseram a ela para ultrapassá-lo, ou para se focar em “verdadeiros” homens bacacas tais como proeminentes figuras políticas. Outros disseram a ela para não deixar “problemas pessoais” entrarem no caminho da “realização do trabalho”.
Eu lutei com a recuperação de minha amiga também. Como sobrevivente de abuso, era difícil encontrar uma mulher que de certa forma era um espectro de mim. Eu buscaria essa mulher, e ela iria ao acaso dizer-me sobre outra briga que ela e seu namorado haviam tido. Eu encontraria a mim mesma evitando essa mulher porque, francamente, era difícil olhar para uma mulher que me recordava muito de quem eu não era há muito tempo: uma pessoa assustada, envergonhada e desesperada que balbuciaria para qualquer pessoa disposta a ouvi-la sobre o que estava acontecendo com ela. Em outras palavras, eu, como essa mulher, tinha atravessado o desespero de tentar sair de uma relação abusiva e necessitando finalmente contar às pessoas o que estava acontecendo comigo. E similarmente a como essa mulher era tratada, a maioria das pessoas, até mesmo aqueles que eu chamava de amigos, se esquivavam de me escutar porque eles não queriam ser incomodados ou estavam lutando com suas próprias lutas emocionais.
A vergonha associada em contar às pessoas que você tem sido abusada, e como eu, centrada em uma relação abusiva, é feita ainda pior pelas respostas que você obtem das pessoas. Ao invés de serem simpáticas, muitas pessoas ficaram desapontadas comigo. Muitas vezes fui dita por pessoas que elas estavam “surpresas” em descobrir que eu havia “me envolvido com esta merda” porque diferentemente de “mulheres fracas”, eu era uma mulher “forte” e “política”. Essa resposta é completamente misógina porque ela nega quão dominante é o patriarcado e o ódio por mulheres e o “feminino”, e ao invés disso, tenta colocar a culpa nas mulheres. Isso é, estamos a ignorar que mulheres estão sendo abusadas por homens e, ao invés disso, enfatiza o caráter de mulheres como a razão definitiva pela qual algumas são abusadas e outras não “se envolvem com esta merda”.
Não posso ajudar a não ser pensar que outras mulheres ativistas que têm sido abusadas, querem seja por homens ativistas ou não, também enfrentam dificuldades semelhantes recuperando-se do abuso. Independentemente da política de alguém, as mulheres podem ser e são abusadas. Qualquer um que se recuse a acreditar nisso ou simplesmente não escuta às mulheres ou não pensa sobre o que as mulheres passam regularmente. E isso é porque eles são simplesmente hostis em reconhecer quão pervasivos e normalizados o patriarcado e a misoginia são – ambos fora e dentro de círculos ativistas.
Mais, várias de nós queremos acreditar que homens ativistas são diferentes de nossos pais, irmãos, antigos namorados e machos estranhos com os quais nós confrontamos em nossas rotinas diárias. Nós queremos ter alguma fé que o cara que escreve um ensaio sobre sexismo e o posta em seu website não o está escrevendo somente para fazer uma boa aparência dele, obter sexo, ou encobrir algumas de suas perigosas práticas com relação às mulheres. Nós queremos acreditar que as mulheres estão sendo respeitadas por suas habilidades, energia e compromisso político e não estão sendo solicitadas a fazer trabalho porque elas são vistas como “exploráveis” e “abusáveis” por homens ativistas.
Nós queremos acreditar que, se um homem ativista fez um avanço indevido ou fisicamente/sexualmente agrediu uma mulher ativista, isso seria prontamente e atenciosamente lidado por organizações e comunidades políticas – e com a contribuição da vítima. Nós queremos acreditar que grupos ativistas não são tão facilmente seduzidos pelas habilidades ou pelo “poder nomeado” que um ativista masculino trás a um projeto que eles estão dispostos a deixar uma mulher ser abusada ou não ter sua recuperação abordada em troca. E nós gostaríamos de pensar que a “cultura de segurança” em círculos ativistas não somente foca nas questões do protocolo do listserv ou usa nomes falsos em comícios, mas na verdade inclui pensar proativamente sobre como lidar com misoginia, patriarcado e heterossexismo ambos fora e dentro de cenários ativistas.
Mas todos esses desejos, todos esses sonhos obviamente não tendem a ser abordados. Em vez disso, eu sei de homens ativistas que trollam espaços políticos como predadores procurando por mulheres que eles possam manipular politicamente ou foder sem responsabilização. Como padres abusivos, alguns desses homens literalmente movem-se de cidade a cidade procurando recriar a si mesmos e encontrar carne fresca no meio daqueles que são infamiliares com sua reputação. E eu tenho visto mulheres ativistas darem seu trabalho e destrezas a homens ativistas (que frequentemente ficam com o crédito) na esperança de que o homem ativista abusivo irá finalmente adquirir seu agir correto ou a apreciará enquanto ser humano.
Enquanto o romance entre ativistas é aprazível, eu acho que é nojento como os homens ativistas usam o romance para controlar as mulheres politicamente e manter as mulheres emocionalmente comprometidas em ajudar esses homens politicamente, mesmo quando essas políticas são piegas ou problemáticas. Ou, em alguns casos, homens ativistas se envolvem em políticas para encontrar mulheres que eles possam envolver em relações abusivas e controle. E dado que esse abuso trás para fora o pior da vítima, eu tenho visto onde mulheres interagem com outras ativistas (particularmente mulheres) de maneiras que elas não normalmente estariam se elas não estivessem sendo politicamente e emocionalmente manipuladas por homens. Por exemplo, eu sei de mulheres ativistas abusadas que têm espalhado rumores sobre outras mulheres ativistas ou têm-se envolvido em brigas políticas entre seu namorado e outros ativistas.
O que é assustador é que eu sei de ativistas homens que estavam abusando e manipulando mulheres ativistas e, ao mesmo tempo, escrevendo ensaios sobre sexismo ou competição entre mulheres. Às vezes o homem ativista irá redigir o ensaio com sua namorada ativista de forma a obter mais legitimidade. Eu sei de homens ativistas que uma hora citam bell hooks, Gloria Andalzua ou outras escritoras feministas e estão incomodando ou espalhando mentiras e fofocas sobre suas namoradas ativistas em outra. E homens ativistas irão ensinar mulheres a serem menos competitivas com outras mulheres para dissimular seu comportamento abusivo e manipulador.
O que é mais desolador é o nível de suporte que homens ativistas encontram de outros/as ativistas, homens ou mulheres, mas mais habitualmente, outros homens. Não somente as mulheres ativistas têm de confrontar e negociar com seu agressor em círculos ativistas, elas devem normalmente fazê-lo em uma comunidade política que se designa comprometida mas no final não dá importância alguma sobre a segurança emocional e física da vítima. Em muitas ocasiões eu tenho ouvido as histórias das mulheres sobre abuso serem recontadas e reformuladas por homens ativistas de uma maneira hostil e sexista. E quando eles remodelam essa história, eles geralmente o fazem naquela voz, a voz que é falsa, acusatória e zombeteira.
Por exemplo, quando eu estava dividindo com um homem ativista minhas preocupações sobre como uma mulher ativista estava sendo tratada por um homem ativista que mantinha uma posição proeminente em um grupo político, o homem “ouvindo” a minha história disse naquela voz “Oh, ela só está provavelmente brava porque ele começou a namorar outra pessoa” e passou a tirar sarro dela. Ele continuou a me dizer que, enquanto ele “reconhecia” que o homem estava errado, a mulher necessita impor-se ao homem se ela quer que o tratamento pare.
Infelizmente essa marca de misoginia do homem disfarçou-se enquanto o feminismo masculino é muito comum em círculos ativistas dado que muitos homens em geral acreditam que mulheres são abusadas porque elas são fracas ou secretamente querem estar em relacionamentos com homens abusivos. Mais, seus comentários revelaram uma atitude que assume que, se mulheres ativistas têm problemas com homens ativistas, elas estão “chorando pelo abuso” para encobrir desejos sexuais ocultos e raiva por terem sido rejeitadas por homens que “não irão fodê-las”.
Eu acho repulsivo que a segurança física e emocional de mulheres é de pouca preocupação a homens ativistas em geral. Enquanto homens ativistas irão falar da boca para fora sobre como eles precisam ficar com suas bocas caladas quando as mulheres estão falando ou como espaços somente de mulheres são necessários, muito frequentemente pessoas “críticas” e “políticas” não querem confrontar o fato de que as mulheres estão sendo abusadas por homens ativistas em nossos círculos. Quando essa questão é “abordada”, mais frequentemente do que não, a atenção será dada a “batalhar com” o homem (ou seja, o deixando permanecer e talvez só fofocando sobre ele). Eu tenho visto algumas situações onde homens abusivos tornam-se adotados, assim dizendo, por outros ativistas, que vêem reabilitar o homem como parte de seus projetos e pensam pouco sobre o que isso significa para as mulheres que estão tentando se recuperar. Em alguns casos, o homem ativista abusador foi adotado enquanto a mulher foi rejeitada como “instável”, “louca” ou “muito emocional”. Basicamente, esses grupos iriam antes ajudar um cara frio e calculista que pode “mantê-lo unido” enquanto ele abusa de mulheres ao invés de lidar com a realidade que o abuso pode contribuir para as dificuldades emocionais e sociais entre vítimas enquanto elas trabalham para se tornarem sobreviventes.
E em alguns casos, ativistas mulheres irão evitar ir à polícia porque ela é crítica ao complexo industrial penentenciário, mas também porque outros homens ativistas irão dizer-lhe que ela está “contribuindo para o problema” ao “conduzir o Estado para dentro”. Mas na maioria dos casos, o homem ativista não é castigado pelos problemas que ele criou. Deste modo, as mulheres estão presas tendo que descobrir como garantir sua segurança sem ser rotulada uma “traidora” por seus colegas ativistas.
Enquanto eu sou uma forte crente que nós devemos tentar trabalhar pela cura ao invés da punição em si, eu estou dolorosamente consciente que nós frequentemente damos mais ênfase em ajudar homens a permanecerem em círculos ativistas do que apoiar mulheres através de suas recuperações, o que pode envolver a necessidade de ter o homem removido de nossos grupos políticos. Basicamente, o grupo irá normalmente determinar que o ativista abusador deve ser deixado a se curar sem perguntar à mulher o que ela necessita do grupo para curar-se e ser apoiada em seu processo. Eu sei de vários exemplos de onde mulheres eram forçadas a tolerar a indisposição do grupo para abordar o abuso. Algumas irão permanecer envolvidas em organizações porque elas acreditam no trabalho e, francamente, há poucos espaços para se ir, se houverem, onde ela não sofra o risco de ser abusada por outro ativista ou ter seu abuso não abordado. Outras irão simplesmente deixar a organização. Eu tenho visto como essas mulheres são tratadas por outros/as ativistas – homens e mulheres – que tratam mulheres friamente ou fofocam que elas são egoístas ou traidoras por deixarem o pessoal entrar no caminho do “trabalho”.
Ou, se mulheres ativistas que têm sido abusadas são “apoiadas”, é usualmente porque ela faz “bom trabalho” ou que não abordar o abuso será “ruim para o grupo”. Nesse sentido, a saúde física, emocional e espiritual de mulheres é ainda sacrificada. Em vez disso, o abuso das mulheres deve ser abordado porque, se ele não for, ela pode não continuar a fazer “bom trabalho” para a organização ou pode haver muita tensão no grupo para que ele funcione de forma eficiente. De qualquer forma, a segurança das mulheres não é vista como digna de preocupação em e de si mesma.
Em geral, cenários ativistas não são um espaço seguro para mulheres porque misóginos e homens abusivos existem no interior deles. Mais, muitos desses abusadores usam a linguagem, ferramentas de ativismo e apoio de outros ativistas como meio de abusar mulheres e esconder seus comportamentos. E infelizmente, em muitos círculos políticos, independentemente de quanto nós falemos sobre o patriarcado ou misoginia, mulheres são sacrificadas de forma a manter o “trabalho” ou salvar a organização. Talvez seja tempo de realmente nós só se importarmos que as mulheres ativistas estão vulneráveis a serem manipuladas e abusadas por homens ativistas e considerar que abordar isso proativamente é uma parte integral do “trabalho” que ativistas devem fazer.

Mulheres militantes nos dias da Grande Revolução de Outubro


Dando continuidade nas minhas leituras e reavaliando alguns pontos, eu vou publicar um texto de uma mulher que anda fazendo a minha cabeça: Alexandra Kollontai e seu amor pelo Feminismo Marxista!
Alexandra Kollontai foi dirigente feminina da Revolução Russa de 1917 e nesse texto ela aborda sobre a participação das mulheres na revolução, escrito em novembro de 1927


As mulheres que participaram na Grande Revolução de Outubro – quem eram elas? Indivíduos isolados? Não, havia multidões delas; dezenas, centenas e milhares de heroínas anônimas que, marchando lado a lado com os operários e camponeses sob a Bandeira Vermelha e a palavra-de-ordem dos Sovietes, passou por cima das ruínas do czarismo rumo a um novo futuro...
Se alguém olhar para o passado, poderá vê-las, essa massa de heroínas anônimas que outubro encontrou vivendo nas cidades famintas, em aldeias empobrecidas e saqueadas pela guerra... O lenço em sua cabeça (muito raramente, até agora, um lenço vermelho), uma saia gasta, uma jaqueta de inverno remendada... Jovens e velhas, mulheres trabalhadoras e esposas de soldados camponesas e donas-de-casa das cidades pobres. Mais raramente, muito mais raramente nesses dias, secretárias e mulheres profissionais, mulheres cultas e educadas. Mas havia também mulheres da intelligentsia entre aqueles que carregavam a Bandeira Vermelha à vitória de Outubro – professoras, empregadas de escritório, jovens estudantes nas escolas e universidades, médicas. Elas marchavam alegremente, generosamente, cheias de determinação. Elas iam a qualquer parte que fossem enviadas. Para a Guerra? Elas colocavam o quepe de soldado e tornavam-se combatentes no Exército Vermelho. Se elas portassem fitas vermelhas no braço, então corriam para as estações de primeiros-socorros para ajudar o Front Vermelho contra Kerenski na Gatchina. Trabalhavam nas comunicações do exército. Trabalhavam felizes, convictas que alguma coisa significativa estava acontecendo, e que nós somos todos pequenas engrenagens na única classe revolucionária.
Nas aldeias, a mulher camponesa (seus maridos tinham sido enviados para a Guerra) tomava a terra dos proprietários e arrancava a aristocracia dos postos onde ela se alojou por séculos.
Quando alguém recorda os acontecimentos de Outubro, não vê faces individuais, mas massas. Massas sem número, como ondas de humanidade. Mas onde quer que olhem, vêem homens – em comícios, assembléias, manifestações...
Ainda não tinham certeza do que exatamente eles queriam, pelo que lutavam, mas sabiam uma coisa: não iriam continuar suportando a guerra. Nem mesmo desejavam os proprietários de terras e ricos… No ano de 1917, o grande oceano de humanidade se levanta e se agita, e a maior parte desde oceano feita de mulheres… Algum dia a historia escreverá sobre as proezas dessas heroinas anônimas da revolução, que morreram na Guerra, foram mortas pelos Brancos e amargaram incontáveis privações nos primeiros anos seguintes a revolução, mas que continuou a carregar nas costas o Estandarte Vermelho dos Poder Soviético e do comunismo.
Isto é para aquelas heroínas anôminas, que morreram para conquistar uma nova vida para a população trabalhadora durante a Grande Revolução de Outubro, para aqueles a quem a nova república agora se curva em reconhecimento assim como ao seu povo jovem, alegre e entusiástico, começando a construir as bases do socialismo.
Entretanto, fora deste mar de mulheres de lenços e toucas surradas inevitavelmente emergem as figuras daquelas a quem os historiadores devotarão atenção particular, quando, muitos anos depois, eles escreverem sobre a Grande Revolução de Outubro e seu líder, Lênin.
A primeira figura que emerge é a da fiel companheira de Lênin, Nadezhda Konstantinovna Krupskaya, vestindo seu vestido cinza liso e sempre se esforçando para permanecer em segundo plano. Ela poderia passar desapercebida por uma assembléia e colocar-se em embaixo de algum pilar, mas ele via e ouvia tudo, observando tudo o que acontecia, então ela poderia mais tarde fornecer um relato completo para Vladimir Ilich, adicionar seus próprios hábeis comentários e expor uma idéia sensata, apropriada e conveniente.
Nesses dias Nadezhda Konstantinovna não falou nas numerosas e turbulentas assembléias nas quais as pessoas giravam em torno da grande questão: os Sovietes conquistariam o poder ou não? Mas ela trabalhou incansavelmente como braço direito de Vladimir Ilich, ocasionalmente dando depoimentos e relatando críticas nas reuniões do partido. Em momentos de grande dificuldade e perigo, quando muitos camaradas firmes perderam o ânimo e sucumbiram às dúvidas, Nadezhda Konstantinovna permaneceu sempre a mesma, totalmene convencida da justiça da causa e de sua vitória certa. Ela transmitia inabalável confiança, e sua firmeza de espírito, escondia uma rara modéstia, sempre contaminava com seu ânimo todos aqueles que entravam em contato com a companheira do grande líder da Revolução de Outubro.
Outra figura que se destaca – outra leal parceira de Vladimir Ilich, uma camarada-em-armas durante os anos difíceis do trabalho clandestino, secretária do Comitê Central do Partido, Yelena Dmitriyevna Stassova. Inteligente, com uma rara precisão, e uma excepcional capacidade para o trabalho, uma rara habilidade para “apontar” as pessoas certas para o trabalho. Sua altura, sua majestosa figura poderia ter sido a primeira no Soviete no palácio Tavricheski, depois na causa de Kshesinskaya, e finalmente Smolny. Nas suas mãos segurava um caderno de anotações, enquanto em seu redor multidões de camaradas do front, trabalhadores, guardas vermelhos, membros do partido e dos Sovietes, buscando rapidamente, respostas claras ou ordens.
Stassova carregou a responsabilidade por muitos negócios importantes, mas se um camarada demonstrava necessidade ou angústia nesses dias tempestuosos, ela sempre podia auxiliar, fornecendo explicações, respostas aparentemente rudes, mas ela fazia o que estava ao seu alcance. Ela foi esmagada com trabalho, e sempre estava a seu posto. Sempre em seu posto e, no entanto, nunca empurrou para a linha de frente, nunca adiou. Ela não gostava de ser o centro das atenções. Sua preocupação não era com ela mesma, mas com a causa.
Para a nobre e estimada causa do comunismo, pela qual Yelena Stassova experimentou o exílio e a detenção nas penitenciárias do regime czarista, deixando-a com a saúde prejudicada... Em nome da causa ela era firme como aço. Mas em relação ao sofrimento de seus camaradas ela demonstrava a sensibilidade e a receptividade que só se encontram em uma mulher com um coração afetuoso e nobre.
Klavdia Nikolayeva era uma mulher trabalhadora de origem muito humilde. Ela uniu-se aos bolcheviques já em 1908, nos anos da reação, e suportou o exílio e a prisão... Em1917 ela retornou a Leningrado e se tornou a organizadora da primeira revista para as mulheres trabahadoras, Kommunistka. Ela ainda era jovem, cheia de ânimo e ansiedade. Então ela segurava firmemente o estandarte, e corajosamente declarava que as trabalhadoras, esposas de soldados e camponesas precisavam ingressar no partido. Ao trabalho, mulheres! Vamos defender os Sovietes e o Comunismo!
Ela discursava em comícios, ainda nervosa e insegura de si, mas já atraia as pessoas para segui-la. Ela era a única entre os que carreavam no ombro todas as dificuldades envolvidas na preparação do caminho a se seguir, disseminando o envolvimento das mulheres na revolução, uma daquelas que lutou em duas frentes – pelos Sovietes e o comunismo, e ao mesmo tempo para a emancipação das mulheres. Os nomes Klavdia Nikolayeva e Konkordia Samoilova, que morreram exercendo funções revolucionárias em 1921 (vítimas da cólera), são indissoluvelmente ligados aos primeiros e mais difíceis passos do movimento das trabalhadoras, particularmente em Leningrado. Konkordia Samoilova foi uma militante do partido de incomparável abnegação, excelência, uma oradora metódica que sabia ganhar os corações dos trabalhadores. Aqueles que trabalhavam ao seu lado lembrarão por por muito tempo de Konkordia Samoilova. Ela era simples nos costumes, simples na aparência, exigente na execução das decisões, severa com ela mesma e com os outros.
Particularmente notável é a gentil e encantadora figura de Inessa Armand, que foi incumbida de um trabalho partidário muito importante na preparação da Revolução de Outubro, e que depois contribuiu com muitas idéias criativas para o trabalho entre as mulheres. Com toda sua feminilidade e bondade nas maneiras, Inessa Armand era inabalável em seus convicções e capaz de defender aquilo que ela acreditava correto, nesmo quando deparada com temíveis oponentes. Depois da revolução, Inessa Armand se dedicou à organização do amplo movimento das trabalhadoras, e a conferência foi sua criação.
Um imenso trabalho foi feito por Varvara Nikolayevna Yakovleva durante os difíceis e decisivos da Revolução de Outubro em Moscou. No terreno de batalha das barricadas ela mostrou a determinação meritória de uma líder do quartel-general do partido. Muitos camaradas disseram na ocasião que sua determinação e coragem inabaláveis foi o que deu ânimo aos vacilantes e inspirou aqueles que haviam perdido suas forças. “Avante!” – para a vitória.
Assim que se recorda das mulheres que tomaram parte na Grande Revolução de Outubro, mais e mais nomes e faces surgem como mágica da memória. Poderíamos falhar ao honrar hoje a memória de Vera Slutskaya, que trabalhou de modo abnegado na preparação para a revolução e que foi morta pelos Cossacos no primeiro front Vermelho próximo a Petrogrado?
Podemos nos esquecer de Yevgenia Bosh , com seu temperamento inflamado, sempre pronta para a batalha? Ela também morreu no trabalho revolucionário.
Podemos nos omitir de mencionar aqui dois nomes intimamente ligados com a vida e a atividade de V. I. Lênin – suas duas irmãs e companheiras em armas, Anna Ilyinichna Yelizarova e Maria Ilyinichna Ulyanova?
…E a camarada Varya, das oficinas de linhas de trem em Moscou, sempre animada, sempre inquieta? E Fyodorova, trabalhadora têxtil de Leningrado, com seu rosto amável e sorridente e seu destemos quando estava lutando nas barricadas?
É impossível listar todas elas, e quantas delas permanecem desconhecidas? As heroínas da Revolução de Outubro formavam todo um exército, e embora seus nomes estejam esqucidos, sua abnegação vive em cada vitória daquela revolução, em todos os ganhos e façanhas desfrutadas pelos trabalhadores da União Soviética.
É logico e incontestável que, sem a participação das mulheres, a Revolução de Outubro não traria a Bandeira Vermelha da vitória. Glória às trabalhadoras que marcharam sob a bandeira vermelha durante a Revolução de Outubro. Glória à Revolução de Outubro que libertou as mulheres!

Diário das Mulheres, nº 11, Novembro de 1927

Mulheres anarquistas Vol. 2

A Mabel tá bombando, ein. Fez um resgate das mulheres anarquistas vol 1, que fala das mulheres anti-autoritárias sec XX e XIX, que está disponível AQUI. E agora lançou o volume 2. Tô louca pra ler!! Por enquanto ficamos com a foto:

E no embalo...


Será que alguém ainda acompanha o blog? É uma boa pergunta à se fazer depois do esvaziamento das apimentadas. Acho que Mirela ainda tem um carinho pelo blog, ne?
Pois bem, ainda no embalo da conversa com o Robson, acabei encontrando uns textos que tinha traduzido há um tempo e que se perderam no antigo computador. Acredito que alguns eu tenha impressos, outros, não sei. Vou procurar na minha bagunça de classificadores e ir postando aqui com calma. Acho que quando encontrar, vou voltar a divulgar o blog. Já que a intenção primeira era formar as mulheres, continuarei com as traduções dos textos. Enquanto isso não chega.. fico com uma poesia de Judith Malina:

LA TRISTE VIDA DE UNA MUJER


lo primero que aprende

es que no es un hombre

y tarde o temprano

el ser mujer

se vuelve un carga.



y tarde o temprano aprende

que conlleva beneficios

dolorosos y dolorosos

perjuicios

que debe combatir



ella entiende, de algún modo,

que el perjuicio mayor

es la sumisión, y tarde o temprano,

ella, se somete, de algún modo,

ella utiliza con paciencia e incomodidad

las dolorosas alternativas

ella se asusta y quiere

ser una mujer madura

y llega a ser mujer madura

y se asusta

de ser mujer madura.



aveces escoge, pero

principalmente es escogida

por uno o varios hombres

que se vuelven sus protectores,

sus destructores

sus maridos

y amantes

que encarnan para bien

o para mal

los distintos grados

de todo lo que pasa

entre un hombre

y una mujer.


aveces su cuerpo se abre

y deja salir un hijo

frecuentemente su cuerpo es

destrozado

con un dolor insoportable

aunque más frecuentemnte

su cuerpo es destrozado

con un dolor

soportable.


casi nunca o aveces o nunca o siempre

un hombre

penetra su cuerpo

por cien motivos

diferentes para ella

aunque nunca por amor

que ella de algún modo

busca

y de algún modo,

encuentra.



cuando ella ya ha sufrido

lo suficiente

y se desangra y no se desangra

y da a luz o aborta

y llora o no llora

desde el traje de novia

al luto de viuda

aprende

y cuando está cansada

aprende

que ya es vieja.


todo esto más temprano o más tarde

demasiado temprano

o demasiado tarde

y aprende

a conformarse a la vida

que una mujer vieja

de algún modo

vive.

en un mundo que desprecia

a las viejas

ella aprende a conformarse

a algo parecido a una vida

que nunca mereció,

a no ser que muera joven.

Feminismo, Classe e Anarquismo

Como sempre, as pessoas queridas nos ajudam sem perceber, né?
Hoje estava conversando com o campanheiro da ORL - Organização Resistência Libertária. Ele havia me pedido uns materiais sobre anaquismo e feminismo pra poder ajudar na construção do debate feminista anti-autoritário no Ceará.
E eu acabei encontrando coisas antigas no meu computador, desde filmes, livros, zines, coisas que fizeram minha cabeça voar anos anteriores. Entre as coisas, encontrei um livreto lançado pela Faísca Editora chamado Feminismo, Classe e Anarquismo.
É um livro bem legal, com vários pontos interessantes... Baixem AQUI o livreto.

Abraços!